O código contra-ataca: como a IA está transformando o mercado de TI
A inteligência artificial generativa está promovendo a primeira revolução digital capaz de impactar diretamente os profissionais de tecnologia. Ferramentas que escrevem, corrigem e otimizam códigos substituem tarefas antes reservadas a programadores, engenheiros e cientistas de dados.
No Brasil, a Brasscom prevê a criação de 88 mil vagas formais em TI até o fim do ano, mas há um déficit de 30 % entre vagas e recém-formados. Enquanto nos EUA e na Europa big techs já cortam posições para compensar investimentos em IA, aqui o setor segue em expansão — desde que as empresas saibam como atrair e qualificar talentos.
Este artigo alerta gestores que ainda não adotaram IA: descubra o paradoxo de depender de quem você mesmo desenvolveu, entenda o risco às funções juniores e conheça as competências essenciais para surfar nesta onda sem ficar para trás.
O paradoxo da IA: quando a tecnologia substitui seus criadores
A inteligência artificial generativa, que surgiu como uma poderosa aliada para aumentar a produtividade e facilitar o desenvolvimento de software, rapidamente ultrapassou essa função de suporte. Ferramentas capazes de escrever trechos de código, identificar falhas e sugerir otimizações hoje realizam tarefas que, até pouco tempo, eram atribuídas a profissionais juniores e intermediários.
Esse avanço coloca no centro de um paradoxo: a própria tecnologia que impulsionou o setor de TI agora compete por vagas e projetos. Programadores, engenheiros e cientistas de dados veem rotinas antes manuais serem automatizadas e substituídas por algoritmos que aprendem com grandes volumes de dados em tempo real.
Para empresas que ainda não incorporaram soluções de IA, o alerta é claro: a adoção tardia não apenas limita o ganho de eficiência, mas pode torná-las menos competitivas num mercado em rápida transformação. Entender e integrar sistemas generativos ao fluxo de trabalho deixou de ser opção e passou a ser requisito para permanecer relevante.
Porta de entrada em risco: funções juniores dominadas pela IA
Funções tradicionais de entrada, como a geração de blocos simples de código e a execução de testes manuais, estão cada vez mais sob responsabilidade de sistemas de IA. Ferramentas generativas conseguem:
- Escrever trechos básicos de scripts e automatizar correções de bugs;
- Realizar testes de software sem intervenção humana;
- Gerar documentação técnica a partir de trechos de código;
- Atender chamados de suporte técnico de primeiro nível.
Segundo a Brasscom, o mercado brasileiro de TI deve criar 88 mil vagas formais até o fim do ano, mas 80% das empresas apontam que o foco será em estagiários e recém-formados. Esse cenário, combinado ao avanço de ferramentas de IA, pode reduzir significativamente o volume de atividades operacionais inicialmente oferecidas a profissionais juniores. Para quem ainda busca a porta de entrada na área, é essencial desenvolver competências que vão além das rotinas repetitivas – pensar criticamente, colaborar em projetos multidisciplinares e aprender a orquestrar sistemas automatizados tornam-se diferenciais numa fase inicial de carreira.
Cenário global x Brasil: cortes nas big techs e expansão nacional
O investimento massivo em soluções de IA levou grandes empresas de tecnologia nos EUA e na Europa a promover cortes significativos de pessoal para ajustar custos e reforçar capacidades de pesquisa. Só em 2024, as big techs anunciaram milhares de demissões, afetando sobretudo equipes de desenvolvimento, testes manuais e suporte técnico.
Em contraste, o mercado de TI brasileiro mantém ritmo de crescimento robusto. A Brasscom projeta a criação de 88 mil vagas formais até o fim do ano, e 8 em cada 10 empresas do setor planejam contratar nos próximos dois anos. Ainda assim, há um déficit de 30% entre as novas oportunidades e o número de profissionais formados, evidenciando o desafio de qualificar talentos capazes de atuar num ambiente moldado pela inteligência artificial.
Novas competências: do código braçal ao pensamento além dos algoritmos
No mercado de TI moldado pela inteligência artificial, dominar apenas linguagens de programação não basta. As empresas buscam profissionais que unam conhecimentos técnicos a habilidades que potencializem soluções automatizadas.
Confira as competências em alta:
- Machine learning: compreender algoritmos de aprendizado, coletar e preparar dados para treinar modelos eficazes.
- Computação em nuvem: gerenciar ambientes virtuais, provisionar recursos sob demanda e assegurar escalabilidade.
- Cibersegurança: identificar vulnerabilidades, implementar medidas de proteção e monitorar riscos em tempo real.
- Criatividade: conceber abordagens inovadoras, adaptar ferramentas de IA a novos desafios e prototipar ideias originais.
- Pensamento crítico: analisar resultados gerados pela IA, detectar vieses, validar alternativas e tomar decisões estratégicas.
Ao desenvolver essas habilidades, profissionais se destacam ao colaborar com sistemas de IA, agregam valor às equipes e garantem soluções mais seguras, flexíveis e alinhadas aos objetivos do negócio.
Síndrome da ‘bengala’: quando a dependência da IA trava profissionais
Giulliano Pastor, cientista de dados formado pela Unicamp em 2019, sentiu na pele os riscos de se apoiar demais em assistentes virtuais de código. Acostumado a delegar atividades a sistemas como ChatGPT e Cursor durante seu trabalho em instituições financeiras, ele ganhava tempo para tarefas de planejamento, mas também foi perdendo a prática de escrever trechos de código do zero.
Recentemente, em um processo seletivo onde o uso de IA era proibido, Pastor travou diante de desafios que antes considerava simples. A dependência das ferramentas se transformou em uma verdadeira “bengala”: sem o suporte automático, ele sofreu da chamada ‘síndrome do impostor’ e percebeu que precisava reequilibrar seus conhecimentos técnicos. Hoje, Giulliano voltou a revisar fundamentos de Python e a participar de competições de programação para reencontrar autonomia e confiança em suas habilidades.
Caso Pitang Labs: produtividade turbinada por assistentes virtuais
No Pitang Labs, laboratório de inovação tecnológica em Recife com cerca de 400 colaboradores, a adoção de assistentes virtuais de código transformou o fluxo de trabalho. As ferramentas atuam na sugestão de trechos, correção de erros e automação de rotinas repetitivas, liberando desenvolvedores para atividades estratégicas.
Em poucos meses de uso institucional, a produtividade da equipe subiu 35% e a geração de testes automatizados aumentou 50%. Segundo Carlos Victor Gomes, gerente de inovação, “a IA acelera o trabalho e diminui a carga cognitiva. A gente está voando.”
Formação acadêmica em transformação: universidades em busca de relevância
Em Stanford, a professora Jo Boaler reinventou o ensino de matemática com a abordagem “Mentalidades Matemáticas”. Ela propõe substituir exercícios mecânicos por atividades que estimulam o pensamento crítico, a resolução de problemas abertos e a interpretação de respostas de IA. Assim, professores e alunos ganham tempo para exercer criatividade e desenvolver habilidades que as máquinas não replicam.
No Porto Digital, em Recife, metade das 475 empresas já integra ferramentas de IA no dia a dia. Para atender essa demanda, o hub firmou parcerias com universidades locais e ambientações práticas que colocam estudantes em contato direto com projetos reais, usando assistentes virtuais e plataformas de machine learning durante a residência acadêmica.
No Impa, foi lançado o bacharelado em Matemática da Tecnologia e Inovação. Com 80% da carga dedicada a matemática, computação e ciências de dados, e 20% a humanidades e línguas, o curso busca formar profissionais com sólida base técnica e visão multidisciplinar. A proposta valoriza criatividade, flexibilidade e compreensão ética dos impactos de algoritmos na sociedade.
Essas iniciativas ilustram um movimento global: transformar currículos para preparar graduados capazes de pensar além dos processos repetitivos, alinhando conhecimento técnico ao desenvolvimento de competências humanas essenciais num mercado impulsionado pela inteligência artificial.
Das mentalidades matemáticas ao bacharelado em inovação tecnológica
A approach de Jo Boaler, conhecida como “Mentalidades Matemáticas”, redefine o ensino de matemática ao priorizar a curiosidade e o pensamento flexível em vez de exercícios mecânicos. Por meio de problemas abertos e debates sobre as soluções geradas pela IA, alunos aprendem a formular perguntas críticas, interpretar resultados e colaborar em projetos que exigem criatividade e inovação.
No Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), o bacharelado em Matemática da Tecnologia e Inovação adota uma grade com 80% de disciplinas técnicas — incluindo matemática avançada, computação e ciência de dados — e 20% de humanidades e línguas. Essa combinação fortalece a base teórica e desenvolve competências sociais, éticas e comunicativas, preparando profissionais capazes de desenhar algoritmos robustos e, ao mesmo tempo, avaliar impactos humanos e culturais das soluções de IA.
Adaptando sua empresa: aproveite a revolução da IA com segurança
Iniciar a adoção de IA requer planejamento estratégico e visão de longo prazo. Comece por mapear processos internos para identificar tarefas repetitivas que driblam produtividade e consomem tempo excessivo. Defina objetivos claros, como redução de custos operacionais, aumento de velocidade de entrega ou melhoria na qualidade de serviços.
Para estruturar essa jornada, considere fases como:
- Mapear fluxos de trabalho e gargalos;
- Priorizar casos de uso com maior potencial de impacto;
- Executar projetos-piloto para validar resultados;
- Capacitar a equipe em ferramentas de automação;
- Monitorar indicadores-chave e ajustar processos.
Com a IntelexIA, sua empresa conta com um parceiro especializado em IA para conduzir cada etapa: da análise dos processos à entrega de automações personalizadas. A solução integrada garante escalabilidade, adoção rápida pela equipe e retorno sobre o investimento, transformando a implantação de inteligência artificial em diferencial competitivo.
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Fonte Desta Curadoria
Este artigo é uma curadoria do site O Globo. Para ter acesso à matéria original, acesse O código contra-ataca: IA é a 1ª revolução digital a afetar os próprios profissionais de tecnologia